O percurso profissional de Helena Roseta confunde-se com a sua luta por um mercado da habitação que não deixe ninguém de fora. No podcast POD Pensar "A paz, o pão. E a habitação?", a arquiteta desabafou que “não serviram para muito” os cerca de 60 anos que tem dedicado ao “combate” pela causa. “Bastante batalhei, mas os resultados não são fáceis de alcançar”, lamentou.
No programa da DECO PROTESTE, que contou também com Sandra Marques Pereira, socióloga e investigadora do Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território (ISCTE), e o economista Nuno Rico, especialista em produtos bancários da DECO PROTESTES, Helena Roseta apontou o caminho da habitação cooperativa para as novas gerações.
Questionada pelo moderador Aurélio Gomes sobre se o momento que vivemos seria o ideal para o ressurgimento da habitação social e do cooperativismo, Helena Roseta não hesitou em concordar, “sobretudo para as novas gerações”.
A “habitação cooperativa é hoje uma grande oportunidade para gerações novas, precisamente para fazerem inovação social”, defendeu a responsável pela iniciativa legislativa que culminou, em 2019, com a aprovação da primeira Lei de Bases da Habitação em Portugal. A arquiteta acredita que o modelo “tem capacidade”, lembrando que, na década de 1980, construíram-se 200 mil fogos cooperativos.
As cooperativas de construção e habitação permitem o acesso a habitação a custos controlados, uma vez que as casas são construídas ou adquiridas com o apoio do Estado, através de benefícios fiscais e financeiros. O modelo proposto por Helena Roseta é o de inquilinato, ao invés do de propriedade, para evitar que os imóveis acabem por “entrar no mercado normal” de compra e venda.
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Helena Roseta, que trabalhou, enquanto deputada constituinte, após o 25 de Abril de 1975, na elaboração do artigo 65.º da Constituição da República Portuguesa, segundo o qual “todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”, reconhece que o Governo está agora “a tentar apostar” no cooperativismo. Para Roseta, a crise habitacional e a falta de investimento na habitação cooperativa não tem fundamentos ideológicos, derivando antes de “falta de inovação nas políticas públicas”.
O pacote Mais Habitação contém medidas favoráveis a uma nova geração de cooperativas para promoção de habitação acessível através de diversos princípios, nomeadamente:
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